20 dezembro 2009

Religião é cancer e cinismo atrofiados no ser humano.


20/12/2009 - 12h09
da France Presse, em Jerusalém

Israel pede investigação para impedir papa Pio 12 de virar santo


Israel pediu neste domingo a abertura dos arquivos do Vaticano sobre a Segunda Guerra (1939-1945), depois da decisão do papa Bento 16, ontem (19), de acelerar o processo de beatificação do Papa Pio 12 (1939-58), criticado por seu silêncio durante o Holocausto.

"O processo de beatificação não nos diz respeito, é uma questão da Igreja Católica. Cabe aos historiadores avaliarem o papel de Pio 12, e é por isso que pedimos a abertura dos arquivos do Vaticano sobre a Segunda Guerra", disse à agência de notícias France Presse o porta-voz do ministério israelense das Relações Exteriores, Yigal Palmor.

Ontem, Bento 16, que fez neste ano uma peregrinação em Terra Santa, declarou seus dois antecessores, João Paulo 2º (1920-2005) e Pio 12, "veneráveis", o que adiantou os trâmites para que ambos se tornem santos.

No fim dos anos 60, Pio 12 foi acusado de ter tido uma atitude passiva frente ao Holocausto, o que desacelerou seu processo de beatificação, iniciado em 1967. Porém, desde que substituiu João Paulo 2º, em 2005, o cardeal alemão Joseph Ratzinger, que era adolescente na época do nazismo, já defendeu Pio 12 diversas vezes.

Os arquivos do Vaticano não serão disponíveis antes de 2013, disse no ano passado o rabino David Rosen, que ajudou a negociar o "acordo fundamental" sobre o estabelecimento, em 1993, de relações diplomáticas entre Israel e a Santa Sé.

No ano passado, o ministro israelense dos Assuntos Sociais, Yitzhak Herzog, qualificou de "inaceitável" o projeto para "transformar Pio 12 em santo". "O Vaticano sabia o que estava acontecendo na Europa durante o Holocausto. O Papa se manteve em silêncio e talvez fez pior, em vez de denunciar o sangue derramado, como manda a Bíblia", afirmou.

Na Alemanha, o secretário-geral do Conselho Central dos Judeus, Stephan Kramer, disse estar "triste e furioso" com a decisão de Bento 16. "Estou ao mesmo tempo triste e furioso, pois a Igreja Católica está tentando reescrever a história. [...] É uma manipulação evidente dos fatos históricos envolvendo a época nazista."

(Texto)

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19/12/2009 - 18h27

Judeus criticam proclamação de Pio 12 como "venerável"



da Ansa, em Roma

Representantes de comunidades judaicas na Itália criticaram neste sábado a decisão de Bento 16 de promulgar o Decreto das Virtudes de Pio 12, e lembraram que o papa Eugenio Pacelli é acusado de ter se omitido diante do genocídio durante a Segunda Guerra Mundial.

"Se a decisão implicasse um julgamento definitivo e unilateral da atuação histórica de Pio 12, reiteraríamos que a nossa avaliação ainda é crítica", diz uma nota assinada pelo rabino-chefe de Roma, Riccardo Di Segni, pelo presidente da União das Comunidades Judaicas italianas, Renzo Gattegna, e pelo presidente da Comunidade Judaica de Roma, Riccardo Pacifici.

No texto, os judeus reiteram não terem o poder de "interferir de forma alguma nas decisões internas da Igreja, que tem o direito de liberdade de expressão religiosa", mas recordam que a "comissão conjunta de historiadores do mundo judeu e do Vaticano ainda esperam pelo acesso aos arquivos daquele período".

Os arquivos em discussão são os documentos particulares de Eugenio Maria Giuseppe Giovanni Pacelli (nome de batismo de Pio 12), principalmente os que remetem à época de 1939. Para a comunidade judaica, é essencial analisar as informações arquivadas do período.

"Não esqueçamos também das deportações de judeus da Itália e, em particular, o trem de 1021 deportados, que partiu em 16 de outubro de 1943 em direção a Auschwitz [campo de concentração nazista], no silêncio de Pio 12", continua a nota.

Por outro lado, a declaração enfatiza que o mundo judeu "continua reconhecendo as pessoas e as instituições da Igreja que atuaram para salvar os perseguidos".

O pontificado de Pio 12 teve início em março de 1939 e foi encerrado em outubro de 1958. Ainda hoje, sua atuação durante a 2ª Guerra Mundial (1939-1945) ante a perseguição de judeus praticada pelo regime nazista é alvo de intensas controvérsias.

Hoje, ao receber uma delegação da Congregação para as Causas dos Santos, Bento 16 firmou diversos decretos, entre eles o que reconhece as virtudes heróicas de Pio 12, o que o eleva ao título de "venerável".

Este é o penúltimo passo da última fase do processo de beatificação, que inclui ainda a comprovação de um milagre por intercessão do venerável à proclamação como beato.

(Texto)

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Vamos lá .

Não gosto de igrejas e ou religiões, digamos que eu respeite certas visões e ou opiniões por considereção e amizade, mas hoje ao ler estas matérias me recordo de certas opiniões que possuo e são contundentes... 1º Bento 16 é um defensor dos pilares centrais do Nazismo, 2º Um maldito que manda esconder da justiça e do mundo os padres e outros pedófilos que se mascaram de pseudos homens de deus, manda esconder do mundo a podridão que a igreja já fez com a humanidade em nome de deus, quase dois mil anos de crimes, a única instituição financeira que é dona de um pais e não paga impostos, 3º Um homem que com unhas e dentes defende o poder entre os homens na igreja (um machista, um puto safado que sonha com o poder máximo da igreja na humanidade)...

Sou ateu, mas não seguinifica que sou um esganiçado na vontade de sair ofendendo os que possuem sua fé eu religião, que fique claro falo, e falo com força contra os abusos que são cometidos em nome da fé, agora sou obrigado a ler que Dito 16 quer promover um homem que apoiou a Guerra, o massacre de milhões de inocentes por conta de umas moedas e ainda por cima sediz um emissário de deus? Por mim quero que se danem o povo é idiota, imceil, e logo vão rezar para piu piu 12, chorar para realizarum milagre... Cuidado apenas paranao sero milagre da terceira guerra mundial!

Leiam um pouco sobre Bento 16, leiam sua história, mas não a história que sua avózinha conta ou que você encontra no igreja, sejam menos preguiçosos e mais racionais.

Cenas do filmes Amen do diretor Costa Gravas, pelicula que mostra um pouco de como a Igreja de Roma é tão imunda quanto nossos politicos.

Amen

Ileniel Nunes

ileniel@hotmail.com

O que é o amor?

Por diversas vezes eu me questionei o que significa esta palavra...
Resolvi que me seria mais fácil descobrir vivendo as situações que permitem tal descoberta... Admito que nem tudo são flores ou mesmo um caminhar salutável.
Sinceramente, as vezes eu lamento ter descoberto tal expressão, pensem o que desejarem... Se fosse algo fácil, não me interessaria em seguir adiante, pois haja tombo... Mas vamos lá...
Batatinha quando nasce espalha a rama pelo chão
(Brincadeira, hahahahaahahahaha)
Mas escrever do amor, fazer belos poemas, construir lindas rimas e prosas, é doído,
quem não escreve, nem imagina o parto, primeiro, no minimo saber um pouco de portuguêis (ui, sinistro), ter uma boa literatura, parece que não mas ajuda muito, outro, o não menos importante... A musa (e não é a do Brasileirão 2009, aquela desgraça nem sabe que existo)
De quando em quando me pego acreditando até mesmo em contos da carrócinha...
Mas, vamos adiante, estou vendo que já estou a começar com as piadinhas infames.
Certa feita Edith cantou:

Non... je ne regrette rien Não! Eu não lamento nada...
Ni le bien qu'on ma fait, Nem o bem que me fizeram
Ni le mal - tout ça m'est bien égal! Nem o mal - isso tudo tanto faz!

Admito que isso é verdadeiro... mas, logo depois ela mata logo de vez a dor do coração com:

Avec mes souvenirsCom minhas lembranças
J'ai allumé le feu, Acendi o fogo
Mes chagrins, mes plaisirs, Minhas mágoas, meus prazeres
Je n'ai plus besoin d'eux! Não preciso mais deles!


Balayé les amoursVarridos os amores
Avec leurs trémolos E todos os seus temores
Balayés pour toujours Varridos para sempre
Je repars à zéro... Recomeço do zero.

E olha que ouvir ela cantar é lindo, porém se estiveres com dores de corno, estarás encrencado, lamuriarás mais que puta sem macho.
Voltando...
Nunca me arrependi
Ja chorei sim, diversas vezes
Quem nunca chorou por amor?
Quem nunca tomou umas cachaças chamando pelo nome da pessoa amada?
Todos temos nossa cachaça, nosso vinho, nosso ópio!
Se faria tudo de novo?
Com mais afinco, força, vontade, e insanidade.
Se hoje possuo uma musa?
Ela é ciente?
Sim... agora se algo vai acontecer, só o tempo responderá!
Fico feliz apenas de saber que não sou um castrado sentimental...




Ah! desejam que eu responda o que é este famigerado sentimento chamado amor?
Nunca me responderam... Se não sabe, problema de vossa indescência

Ileniel Nunes
ileniel@hotmail.com

13 dezembro 2009

Elisa Lucinda

Da chegada do amor


Sempre quis um amor
que falasse
que soubesse o que sentisse.

Sempre quis uma amor que elaborasse
Que quando dormisse
ressonasse confiança
no sopro do sono
e trouxesse beijo
no clarão da amanhecice.

Sempre quis um amor
que coubesse no que me disse.

Sempre quis uma meninice
entre menino e senhor
uma cachorrice
onde tanto pudesse a sem-vergonhice
do macho
quanto a sabedoria do sabedor.

Sempre quis um amor cujo
BOM DIA!
morasse na eternidade de encadear os tempos:
passado presente futuro
coisa da mesma embocadura
sabor da mesma golada.

Sempre quis um amor de goleadas
cuja rede complexa
do pano de fundo dos seres
não assustasse.

Sempre quis um amor
que não se incomodasse
quando a poesia da cama me levasse.

Sempre quis uma amor
que não se chateasse
diante das diferenças.

Agora, diante da encomenda
metade de mim rasga afoita
o embrulho
e a outra metade é o
futuro de saber o segredo
que enrola o laço,
é observar
o desenho
do invólucro e compará-lo
com a calma da alma
o seu conteúdo.

Contudo
sempre quis um amor
que me coubesse futuro
e me alternasse em menina e adulto
que ora eu fosse o fácil, o sério
e ora um doce mistério
que ora eu fosse medo-asneira
e ora eu fosse brincadeira
ultra-sonografia do furor,
sempre quis um amor
que sem tensa-corrida-de ocorresse.

Sempre quis um amor
que acontecesse
sem esforço
sem medo da inspiração
por ele acabar.

Sempre quis um amor
de abafar,
(não o caso)
mas cuja demora de ocaso
estivesse imensamente
nas nossas mãos.

Sem senãos.

Sempre quis um amor
com definição de quero
sem o lero-lero da falsa sedução.

Eu sempre disse não
à constituição dos séculos
que diz que o "garantido" amor
é a sua negação.

Sempre quis um amor
que gozasse
e que pouco antes
de chegar a esse céu
se anunciasse.

Sempre quis um amor
que vivesse a felicidade
sem reclamar dela ou disso.

Sempre quis um amor não omisso
e que suas estórias me contasse.

Ah, eu sempre quis uma amor que amasse.


Poesia extraída do livro "Eu te amo e suas estréias", Editora Record - Rio de Janeiro, 1999.

" ...A felicidade é uma mentira e a mentira traição..."
Assim cantou Renato Manfredini

Para alguns esta frase soa um tanto... Perjorativa, isso depende da leitura e do contexto, em meu inábil ver ele me soa como algo verdadeiro, porém alguem sabe responder o que é a felicidade?

Ao meu ver a felicidade ela é como o humor, uma visão de mundo...

E sim tenho tido uma visão de mundo bem melhor, mas, eu sou mal humorado sim... Então não torrem os pacovás. Ver a força com que alguns amigos e outros que me são mais que bem quistos lutam pela vida, não apenas no quotidiano mas na saúde... me enchem de felicidade e forças para que eu mesmo não desabe e desista, mesmo quando não há para onde correr... Fazer como Fernão Capelo... Nunca desisitir!

Ileniel Nunes

ileniel@hotmail.com


Ah!.... O poema? ele é uma dedicação... para alguem que longe está, mas ao lado sempre.

11 dezembro 2009

Declamação de Erasmo de Rotterdam



Elogio da Loucura
Erasmo de Rotterdam
EMBORA os homens costumem ferir a minha reputação e eu saiba muito bem quanto o meu nome soa mal aos ouvidos dos mais tolos, orgulho-me de vos dizer que esta Loucura, sim, esta Loucura que estais vendo é a única capaz de alegrar os deuses e os mortais. A prova incontestável do que afirmo está em que não sei que súbita e desusada alegria brilhou no rosto de todos ao aparecer eu diante deste numerosíssimo auditório. De fato, erguestes logo a fronte, satisfeitos, e com tão prazenteiro e amável sorriso me aplaudistes, que na verdade todos os que distingo ao meu redor me parecem outros tantos deuses de Homero, embriagados pelo néctar com nepente (8). No entanto, antes, estivestes sentados, tristes e inquietos, como se há pouco tivésseis saído da caverna de Trofônio (9). Com efeito, como no instante em que surge no céu a brilhante figura do sol, ou como quando, após um rígido inverno, retorna a primavera com suas doces aragens e vemos todas as coisas tomarem logo um novo aspecto, matizando-se de novas cores, contribuindo tudo para de certo modo rejuvenecer a natureza, assim também, logo que me vistes, transformastes inteiramente as vossas fisionomias. Bastou, pois, a minha simples presença para eu obter o que valentes oradores mal teriam podido conseguir com um longo e longamente meditado discurso: expulsar a tristeza de vossa alma. Se, agora, fazeis questão de saber por que motivo me agrada aparecer diante de vós com uma roupa tão extravagante, eu vo-lo direi em seguida, se tiverdes a gentileza de me prestar atenção; não a atenção que costumais prestar aos oradores sacros, mas a que prestais aos charlatães, aos intrujões e aos bobos das ruas, numa palavra, a que o nosso Midas (10) prestava ao canto do deus Pã. E isso porque me agrada ser convosco um tanto sofista: não da espécie dos que hoje não fazem senão imbuir as mentes juvenis de inúteis e difíceis bagatelas, ensinando-os a discutir com uma pertinácia mais do que feminina. Ao contrário, pretendo imitar os antigos, que, evitando o infame nome de filósofos, preferiram chamar-se sofistas (11), cuja principal cogitação consistia em elogiar os deuses e os heróis. Ireis, pois, ouvir o elogio, não de um Hércules ou de um Solon, mas de mim mesma, isto é, da Loucura. Para dizer a verdade, não nutro nenhuma simpatia pelos sábios que consideram tolo e impudente o auto-elogio. Poderão julgar que seja isso uma insensatez, mas deverão concordar que uma coisa muito decorosa é zelar pelo próprio nome. De fato, que mais poderia convir à Loucura do que ser o arauto do próprio mérito e fazer ecoar por toda parte os seus próprios louvores? Quem poderá pintar-me com mais fidelidade do que eu mesma? Haverá, talvez, quem reconheça melhor em mim o que eu mesma não reconheço? De resto, esta minha conduta me parece muito mais modesta do que a que costuma ter a maior parte dos grandes e dos sábios do mundo. É que estes, calcando o pudor aos pés, subornam qualquer panegirista adulador, ou um poetastro tagarela, que, à custa do ouro, recita os seus elogios, que não passam, afinal, de uma rede de mentiras. E, enquanto o modestíssimo homem fica a escutá-lo, o adulador ostenta penas de pavão, levanta a crista, modula uma voz de timbre descarado comparando aos deuses o homenzinho de nada, apresentando-o como modelo absoluto de todas as virtudes, muito embora saiba estar ele muito longe disso, enfeitando com penas não suas a desprezível gralha, esforçando-se por alvejar as peles da Etiópia, e, finalmente, fazendo de uma mosca um elefante. Assim, pois, sigo aquele conhecido provérbio que diz: Não tens quem te elogie? Elogia-te a ti mesmo. Não posso deixar, neste momento, de manifestar um grande desprezo, não sei se pela ingratidão ou pelo fingimento dos mortais. É certo que nutrem por mim uma veneração muito grande e apreciam bastante as minhas boas ações; mas, parece incrível, desde que o mundo é mundo, nunca houve um só homem que, manifestando o reconhecimento, fizesse o elogio da Loucura.

...

Dizei-me por obséquio: um homem que odeia a si mesmo poderá, acaso, amar alguém? Um homem que discorda de si mesmo poderá, acaso, concordar com outro? Será capaz de inspirar alegria aos outros quem tem em si mesmo a aflição e o tédio? Só um louco, mais louco ainda do que a própria Loucura, admitireis que possa sustentar a afirmativa de tal opinião. Ora, se me excluirdes da sociedade, não só o homem se tornará intolerável ao homem, como também, toda vez que olhar para dentro de si, não poderá deixar de experimentar o desgosto de ser o que é, de se achar aos próprios olhos imundo e disforme, e, por conseguinte, de odiar a si mesmo. A natureza, que em muitas coisas é mais madrasta do que mãe, imprimiu nos homens, sobretudo nos mais sensatos, uma fatal inclinação no sentido de cada qual não se contentar com o que tem, admirando e almejando o que não possui: daí o fato de todos os bens, todos os prazeres, todas as belezas da vida se corromperem e reduzirem a nada. Que adianta um rosto bonito, que é o melhor presente que podem fazer os deuses imortais, quando contaminado pelo mau cheiro? De que serve a juventude, quando corrompida pelo veneno de uma hipocondria senil? Como, finalmente, podereis agir em todos os deveres da vida, quer no que diz respeito aos outros, quer a vós mesmos, como, — repito — podereis agir com decoro (pois que agir com decoro constitui o artifício e a base principal de toda ação), se não fordes auxiliados por esse amor próprio que vedes à minha direita e que merecidamente me faz as vezes de irmã, não hesitando em tomar sempre o meu partido em qualquer desavença? Vivendo sob a sua proteção, ficais encantados pela excelência do vosso mérito e vos apaixonais por vossas exímias qualidades, o que vos proporciona a vantagem de alcançardes o supremo grau de loucura. Mais uma vez repito: se vos desgostais de vós mesmos, persuadi-vos de que nada podereis fazer de belo, de gracioso, de decente. Roubada à vida essa alma, languesce o orador em sua declamação, inspira piedade o músico com suas notas e seu compasso, ver-se-á o cômico vaiado em seu papel, provocarão o riso o poeta e as suas musas, o melhor pintor não conquistará senão críticas e desprezo, morrerá de fome o médico com todas as suas receitas, em suma Nereu (34) aparecerá como Tersites, Faão como Nestor, Minerva como uma porca, o eloqüente como um menino, o civilizado como um bronco. Portanto, é necessário que cada qual lisonjeie e adule a si mesmo, fazendo a si mesmo uma boa coleção de elogios, em lugar de ambicionar os de outrem. Finalmente, a felicidade consiste, sobretudo, em se querer ser o que se é. Ora, só o divino amor próprio pode conceder tamanho bem. Em virtude do amor próprio, cada qual está contente com seu aspecto, com seu talento, com sua família, com seu emprego, com sua profissão, com seu país, de forma que nem os irlandeses desejariam ser italianos, nem os trácios atenienses, nem os citas habitantes das ilhas Fortunadas. Oh surpreendente providência da natureza! Em meio a uma infinita variedade de coisas, ela soube pôr tudo no mesmo nível. E, se não se mostrou avara na concessão de dons aos seus filhos, mais pródiga se revelou ainda ao conceder-lhes o amor próprio. Que direi dos seus dons? É uma pergunta tola. Com efeito, não será o amor próprio o maior de todos os bens?
...
(Texto Completo)


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O texto por si só é quase que auto-explicativo, mas é bom lerem a obra completa para firmarem uma idéia melhor sobre o todo.
Não sou um entusiasta da literatura tecida por religiosos, é muita evocação do divino, parece que estou em uma porra de sermão de igreja... Sendo que nem de igreja eu gosto (aos dez anos coloquei fogo em uma.... sim conseguiram salver ela a tempo. Phoda!), mas a literatura do Erasmo mesmo abordando em alguns pontos a evocação da dinvindade Cristã, em outras e ele evoca asdivindades míticas... o que torna a leitura interessante, além da forma como ele coloca o ser humano em uma de suas verdadeiras facetas... Escarrando para fora o que muitos temem expor, onde o ser não deve termer ser ele mesmo, e não o que desejam que ele seja, observação acerca dos relacionamentos (aí putada, ficar no ninguém me ama, ninguém me quer, é o mesmo que dizer eu não me amo, então se foda sózinho, some de perto de minha pessoa)...
eu como sou cético, dúvido alguem chegar a ler até esta ultima linha, e não é passar a porra dos olhos e falar: já li, legal, e não entender porcaria nenhuma... alias, quando o povo começar a ler de verdade, e procurar compreender as coisas, menos problemas terão!

Ileniel Nunes
ileniel@hotmail.com